|Por Débora Carpe|

Na pequena cidade de Urubamba, no Valle Sagrado do Incas, demos sorte de encontrar um agrupamento de cholitas em uma praça, à espera de alimentos distribuídos por funcionários do governo.

Tranças grandes e sombreiros típicos na cabeça para esconder do sol, gorros bordados detalhadamente e saias rodadas para proteger do frio e da secura do ar, que castigam. Segundo nosso guia Rimberto, os povos nativos andinos acordam cedo, antes de 4 horas da manhã e só por volta de sete horas tomam seu ‘desayuno’, um verdadeiro almoço com arroz, sopa e proteínas.

Desajuno na sierra peruana. Foto de Li An

Mascam coca o dia todo, pois dá mais força para trabalhar. Por volta de quatro da tarde voltam para casa, tomando chicha pelo caminho. As sete já dormem, a maioria ‘borrachos’, sob efeito da chicha fermentada alcóolica. A chicha é feita principalmente de milho, que é tão rico e valorizado no Peru que ganha até monumentos nas pracinhas.

Praça em pequena vila andina, no Peru. Foto de Débora Carpe

A terra é cultivada em ‘terraças’, degraus que cortam as montanhas e as tornam cultiváveis.

O Peru possui a maior biodiversidade de batatas do planeta, as chamadas ‘papas’. São oito espécies domésticadas e 2.301 das mais de 4 mil variedades que existem, segundo o site Peru Ecológico, muitas não comestíveis. A “papa” desidratada é uma técnica de conservação em que se deixa a batata ao relento, durante a noite, para que congele. Ao amanhecer, a água da batata pode ser espremida facilmente, só restando a massa de carboidrato, o que faz com que conserve por até três anos.

"Papas" desidratadas andinas. Foto de Débora Carpe

As batatas desidratadas são o principal alimento na “sierra” do Peru, um país onde as crianças não recebem alimentação nas escolas e chegam a andar duas horas para chegar às salas de aula. Por outro lado, o ciclo escolar é de onze anos, três a mais que no Brasil, o que faz com que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) peruano, que é de 0,723 em 2010 (fonte: Wikipedia) seja maior que o brasileiro, que é 0,699 (fonte: G1).